Alguns empresários da construção civil observam que o incremento de uma edificação verde esbarra em alguns óbices bem definidos. Não falta a tecnologia hábil a tornar ecológica a nossa construção. Os prédios poderiam ser muito mais afinados com a sustentabilidade do que hoje. Mas o fato é que o equipamento necessário ainda custa caro. Não compete com a economia propiciada pelo baixo dispêndio com a mão de obra.
Estimulado por um sistema chamado “acabou/lavou”, que significa – assim que terminada a tarefa o peão toma banho e vai embora – nosso operário da construção civil potencializa a sua capacidade de trabalho. No cotejo, superamos a performance do Primeiro Mundo. Economizamos em tempo e em custo e, com isso, nossos resultados são sedutores. Mas há problemas a serem enfrentados. Aquela mão de obra barata, do brasileiro expulso do campo e vindo de regiões pouco desenvolvidas, já não é abundante.
Hoje, o pedreiro vem da Bolívia, do Paraguai, do Peru e até da Argentina. Sintomático o fato de serem “brasiguaios” os primeiros interessados na construção do “Itaquerão” para a Copa de 2014. Em compensação, precisamos de mais engenheiros. Há poucos profissionais e, enquanto as Faculdades de Direito lançam a um saturado mercado de trabalho jurídico milhares de novos bacharéis a cada semestre, boas escolas de Engenharia têm turmas anuais de 25 profissionais.
Isso faz com que os grandes empresários do setor procurem os engenheiros espanhóis, portugueses, franceses e italianos, para assumir funções que poderiam ser exercidas por brasileiros. Será que isso não passa pelo planejamento das autoridades da Educação, mais preocupadas com avaliações custosas – R$ 238 milhões custou o último e “exitoso” Enem! – do que em verificar quais as necessidades do Brasil?
A multiplicação de Faculdades de Direito não é nociva, se todos os brasileiros quiserem conhecer melhor os seus deveres. O capítulo de “direitos” nem precisa de educação superior para ser assimilado. Todos sabem exatamente o que podem fruir e quais os direitos que podem exercer. O drama é que ainda há jovens que esperam “vencer na vida” fazendo um curso jurídico e não se empenham em extrair dele todas as potencialidades. Não haverá lugar para o medíocre num futuro bem próximo. Por isso, quem tiver juízo, repensará qual a carreira a seguir.
José Renato Nalini é Desembargador da Câmara Especial do Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo. E-mail:jrenatonalini@uol.com.br.