Blog do Renato Nalini

Ex-Secretário de Estado da Educação e Ex-Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo. Atual Presidente e Imortal da Academia Paulista de Letras. Membro da Academia Brasileira de Educação. É o Reitor da UniRegistral. Palestrante e conferencista. Professor Universitário. Autor de dezenas de Livros: “Ética da Magistratura”, “A Rebelião da Toga”, “Ética Ambiental”, entre outros títulos.

Como éramos inocentes!

5 Comentários

Numa longa viagem pela Castelo Branco, lá pelas tantas consegui localizar no meu dial a Rádio USP. O programa “O samba pede passagem” só tocou músicas do meu tempo. De repente, o sexagenário se viu adolescente, impregnado dos mesmos sonhos que o acalentaram criança, quando era feliz e tinha consciência disso. Reforçou-me a certeza de que a musicalidade de há algumas décadas era diferente. Não ensurdecia, não era só percussão, tinha melodia e as letras eram inocentes visões de mundo. Ouvi músicas das quais já não me lembrava. Aquela canção interpretada por Miltinho que diz: “Rio, caminho que anda… e que termina Eu sou o mar que espera alguém que não volta pr’a mim…” Nem tão antiga, mas igualmente inocente, a canção “Do lado direito da rua direita, olhando as vitrines coloridas eu a vi…” E aquela: “Triste madrugada foi aquela, em que eu quebrei meu violão. Não fiz serenata pr’a ela, nem toquei uma linda canção. Abre a janela, oi, abre a janela, dê um sorriso e joga uma flor para mim, cantando assim…”

É uma pena que essas mensagens não causem a mesma sensação na juventude de nossos dias. Ela terá outros parâmetros, referências diversas. Não sentirá falta daquilo que preencheu nossas ingênuas brincadeiras dançantes. Alguém sabe o que é “brincadeira dançante”? No nosso tempo, era a reunião nas tardes de domingo, em casa de alguém. Uma sonata, “hi-fi”, discos de Ray Conniff ou Billy Vaughn e o ponche feito pela dona da casa. A quem não chamávamos “tia”, mas “Dona” mesmo. Eram encontros frequentes em casa de Denilse e Denílson Bomk, dos gêmeos Jair e Régis Berthola Facca, de Pituca e Picoco Bárbaro, de Stelinha Sanches e tanta gente mais, com os quais crescemos e aprendemos a conviver. Havia camaradagem, havia respeito, havia estima. Havia sentido de pertença. Integrávamos o mesmo grupo. Tudo muito diferente das baladas, dos raves, das madrugadas violentas, da apreensão dos pais que não sabem onde os filhos se encontram. Mudaram os tempos. Mudaram os hábitos. Mudaram os valores. Mudamos nós? Então por que a saudade? Onde foi parar nossa inocência?

José Renato Nalini é Desembargador da Câmara Especial do Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo e autor de “Ética Ambiental”, editora Millennium. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.

Autor: Renato Nalini

Ex-Secretário de Estado da Educação e Ex-Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo. Presidente e Imortal da Academia Paulista de Letras. Membro da Academia Brasileira de Educação. Atual Reitor da UniRegistral. Palestrante e Conferencista. Professor Universitário. Autor de dezenas de Livros: “Ética da Magistratura”, “A Rebelião da Toga”, “Ética Ambiental”, entre outros títulos.

5 pensamentos sobre “Como éramos inocentes!

  1. Prezado Professor Nalini,

    A leitura de seus textos recorda o brilhantismo de suas aulas. Feliz o docente que consegue promover em seus ex-alunos a feliz sensação da saudade. A sensibilidade transmitida por suas palavras tem origem na imensa carga de humanismo que leva a todos os lugares pelos quais passa.
    Criei um blog
    (www. cidadaniadireitoejustica.wordpress.com) no qual divulgo singelos textos, no intuito de que alguém seja levado a refletir a respeito dos temas hodiernos. Trata-se de uma iniciativa repleta de boas intenções, também fundada nas inúmeras lições que transmite aos seus alunos. Tendo em vista sua condição de ícone do meio jurídico, peço uma vez mais seu auxílio na divulgação dessa minha iniciativa.
    Parabéns mais uma vez! Forte Abraço!
    Luiz Fernando C. P. Amaral

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  2. Professor,

    os tempos mudaram e muito. O sentimento da amizade se alterou radicalmente. Sentir-me pertinente é coisa rara em um mundo tão virtual.
    Quando vejo um perfil qualquer no orkut e lá estão listados centenas e centenas de “amigos”, sinto lá no fundo que o prório sentido da palavra amigo se perdeu.
    Inocencia nossa ou deles?

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  3. Prezado Professor Nalini,
    A leitura de seus textos recorda o brilhantismo de suas aulas. Feliz o docente que consegue promover em seus ex-alunos a feliz sensação da saudade. A sensibilidade transmitida por suas palavras tem origem na imensa carga de humanismo que leva a todos os lugares pelos quais passa.
    Criei um blog
    (www. cidadaniadireitoejustica.wordpress.com) no qual divulgo textos, no intuito de que alguém seja levado a refletir a respeito dos temas hodiernos. Trata-se de uma iniciativa repleta de boas intenções. Tendo em vista sua condição de ícone do meio jurídico, peço uma vez mais seu auxílio na divulgação dessa minha iniciativa.
    Parabéns mais uma vez! Forte Abraço!
    Luiz Fernando C. P. Amaral

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  4. Se esteve na Castelo Branco esteve perto de minha cidade então esteve aqui perto, poxa o bailinhos aode a inocencia imperava os jovens dançavam sem malicia e sim por um afeto de amizade logico surgia ali grandes amores é muito legal relembrar isso.

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  5. Caro Nalini

    Fiquei extremamente surpreso e feliz ao deparar com seus comentarios neste seu blog .Eu tambem sinto muita saudade “DAQUELES TEMPOS”
    em Jundiai.
    Que tal revivermos qualquer dias destes.Vou te mandar o meu Email.

    Jair B Facca

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