Blog do Renato Nalini

Ex-Secretário de Estado da Educação e Ex-Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo. Atual Presidente e Imortal da Academia Paulista de Letras. Membro da Academia Brasileira de Educação. É o Reitor da UniRegistral. Palestrante e conferencista. Professor Universitário. Autor de dezenas de Livros: “Ética da Magistratura”, “A Rebelião da Toga”, “Ética Ambiental”, entre outros títulos.

Volta à idade da pedra

3 Comentários

O otimista concebe a História da Humanidade como um progresso contínuo. A cada estágio corresponde um salto evolutivo no caminho de um ponto ótimo na escala civilizacional.

Mas não é o que parece ocorrer, quando se olha em volta e se constata o que efetivamente acontece em várias esferas. Uma delas é a questão ambiental. Será que ninguém percebe que as inundações coincidentes com a escassez de chuva correspondem à resposta da natureza ante os maus tratos que a ela infligimos de forma contínua e cruel?

As cidades se tornaram espaços de competição, destinadas ao ídolo da era : o automóvel. As praças não são do povo, como quis um dia o poeta. São dos moradores de rua, daqueles que vivem explícita indignidade humana. A edificação contígua e sem espaço para uma árvore, um jardim, uma horta, é o testemunho de uma sociedade egoísta e ignorante. Não percebe que o verde valoriza aquilo que perde valor quando a vegetação é suprimida.

Produz-se cada vez mais lixo, atestado de retrocesso civilizatório e emporcalha-se o que restou de água na superfície, pois os córregos foram enterrados para dar lugar ao asfalto.

Já fomos melhores. Basta fazer um retrospecto e conferir as paisagens de que já dispusemos, em todas as cidades, e aquelas que hoje nos são oferecidas. Sob a aparência de desenvolvimento, involuímos aceleradamente. Não há um edifício sem pichação, um espaço asseado, as poucas árvores que restam são vandalizadas pelo animal humano, que embora mais escolarizado, perdeu a educação de berço.

O pior é a insensibilidade de quem poderia mudar o panorama, o conformismo daqueles que já não têm coragem de se indignar, a alienação da maioria.

O século XXI, que seria destinado à fruição das conquistas tecnológicas e reservaria aos homens o ócio prazeroso, destinou o triste espetáculo de uma sociedade cujo único sentimento é o desalento e que, ao desistir da tutela ao ambiente, desistiu também de evoluir. Volta-se à idade da pedra, rocha dura em que se converteu o coração do homem contemporâneo.

Fonte: Diário de S. Paulo | Data: 07/01/2016
JOSÉ RENATO NALINI é desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.

Autor: Renato Nalini

Ex-Secretário de Estado da Educação e Ex-Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo. Presidente e Imortal da Academia Paulista de Letras. Membro da Academia Brasileira de Educação. Atual Reitor da UniRegistral. Palestrante e Conferencista. Professor Universitário. Autor de dezenas de Livros: “Ética da Magistratura”, “A Rebelião da Toga”, “Ética Ambiental”, entre outros títulos.

3 pensamentos sobre “Volta à idade da pedra

  1. Renato, o gerenciamento de uma super população, por vezes inculta,
    é realmente complicado. Vemos que em paises adiantados do norte,não é assim. Já viajamos bastante , como voce, e vimos limpeza total no Canada, Toda Europa, US . Infelizmente creio que é uma questão cultural, e neste item vamos caminhando.A crueldade humana é o que realmente nos assusta,mas mesmo assim evoluimos,pois nos chocamos para crimes que antes eram normais…. Nossa civilização é ainda muito jovem. Abraços Oro

    Curtir

  2. O Brasil apesar de Jovem passou por 2015 pensando e raciocinando como Gigante. Nunca antes na história de um país se viu Deputados e Senadores sendo presos.

    O Castelo Blindado em que viviam os políticos protegidos pelo sistema da corrupção tiveram suas contas bancárias devassadas.

    Se existe algo que está funcionando no país como nunca, é a independência dos três poderes, num exemplo claro de Democracia.

    Mesmo pressões que o Judiciário sofre por todos os lados pelo poder Econômico da Corrupção, poderosos antes considerados intocáveis foram investigados, processados, presos e condenados.

    A operação LAVA- JATO, tornará a PETROBRÁS uma gigante cada vez mais forte. Infelizmente esta frase veio de um dos políticos mais corruptos e hipócritas que o Brasil já teve, mas é a pura realidade. Alguém se lembra do Jingle de Jânio Quadros ” Varre varre vassourinha” ?!

    Pois é, para se crescer, primeiro é necessário fazer a faxina. Acabar com a podridão. Depois que se limpar os laranjas podres, se as laranjas novas que estão nascendo não tiverem suas mentes corrompidas pelo sistema podre, o país caminha. Caso contrário volta-se para a estaca zero.

    Curtir

  3. Realmente a crueldade humana é o que me assusta nos países do Norte.

    Pena de Morte, homens bomba, terroristas para explodir em nome de Alá em países de primeiro mundo.

    Atiradores que entram com metralhadoras em saem atirando dentro de colégios, como ocorre cotidianamente nos US, e por aí vai.

    O Metrô da Cidade de S. Paulo, é considerado um dos transportes públicos mais limpos do mundo. Quando o Estado tem interesse, consegue dar ensino e educação para a população. Basta ver nossos Metrôs. A População não joga um lixo nos mesmos. Foi educada pelo Poder Público para isso. Houve vontade política.

    O problema é que o brasileiro tem um péssimo hábito de fazer o que os estrangeiros não fazem. Não somos patriotas. Países do Norte, defendem suas pátrias por mais depressiva que a situação esteja. Costumam dizer que países que nevam muito como o Canadá, costumam ter muitas pessoas depressivas.

    A Suécia é um país com um dos melhores índices de desenvolvimento humano do planeta, e paradoxalmente uma das maiores taxas de suicídio da Terra.

    Por isso que muitos estrangeiros gostam de vir para o litoral brasileiro. Porque o quintal do vizinho é sempre mais gostoso. A diferença é que lá, eles exaltam a terra que moram. E aqui, vive-se a cultura de somente apontar falhas e não exaltar as qualidades. Realmente concordo com o colega Orozimbo. É um problema cultural.

    Curtir

Deixar mensagem para Orozimbo Arthur de Lima Campos Cancelar resposta