A educação de qualidade continua a ser a maior urgência do Brasil e, simultaneamente, a única alternativa para que nosso País deslanche. As reformas político-sociais capazes de reverter o desalento, a fuga de talentos, o descrédito e a desesperança estão num projeto educacional consistente. Reinventar a escola continua a ser aquilo que Rui afirmou sobre a reforma do ensino que se discutia em 1882: “O germe e a seiva, a base e o fastígio, o alfa e o ômega, o princípio e o fim de tudo”.
Não se trata de elaborar novos estudos. Produzimos tonelagens de diagnósticos. Todos entendem de futebol, de medicina popular e de educação. O que falta é praticar. Praticar em casa. A mãe é a primeira mestra. Ela é a chave que aciona a curiosidade e faz do filho um leitor compulsivo. Sou testemunha e produto disso.
O pai não pode estar ausente. Ambos têm de resgatar os valores que entraram em declínio, foram para a UTI. Alguns ainda estão em estágio terminal, outros já expiraram.
Considerável parcela do Magistério é maltratada pelo alunado. Aquilo que só se dizia na escola particular, onde se abrigavam alguns filhos arrogantes do novo rico, agora também se ouve em algumas escolas públicas: “Eu pago o seu salário! Você tem de me servir”!
Triste constatar que os pais sempre assumem a defesa dos filhos, em detrimento da autoridade escolar. Não percebem que as virtudes negligenciadas pelas famílias ditas decentes respeito, ordem, obediência, hierarquia, disciplina, autoridade, assiduidade, pontualidade, compromisso e responsabilidade estão sendo aos poucos apoderadas pelas facções criminosas.
Só haverá verdadeira democracia no Brasil quando a escola for a primeira e mais urgente preocupação de todos. Pois liberdade é igual a democracia e democracia igual a instrução do povo. Novamente invocando Rui Barbosa, “A instrução do povo, ao mesmo tempo que o civiliza e melhora, tem especialmente em mira habilitá-lo a se governar a si mesmo”.
Aparentemente, a preferência está em se livrar de deveres, obrigações e responsabilidades, carreá-los todos como encargos exclusivos do governo e assumir a condição de tutelado. Alguém que não tem condições de se autogovernar e que precisa de tutores que se encarreguem de toda a existência do ser humano: desde a concepção, até o sepultamento. Em que atalho da História nos perdemos?
JOSÉ RENATO NALINI é secretário estadual de Educação e docente da Uninove
Fonte: Jornal de Jundiaí | Data: 25/02/2018
Foto: A2IMG