Blog do Renato Nalini

Ex-Secretário de Estado da Educação e Ex-Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo. Atual Presidente e Imortal da Academia Paulista de Letras. Membro da Academia Brasileira de Educação. É o Reitor da UniRegistral. Palestrante e conferencista. Professor Universitário. Autor de dezenas de Livros: “Ética da Magistratura”, “A Rebelião da Toga”, “Ética Ambiental”, entre outros títulos.


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O futuro do direito

O Brasil possui mais Faculdades de Direito do que a soma de todas as demais, existentes no restante do Planeta. A cada semestre, milhares de bacharéis recebem o seu diploma e esperam absorção no mercado de trabalho. Ambiente saturado para quem não tiver uma formação muito especializada, com credenciais para o enfrentamento de questões que passam ao largo do ensino jurídico.

O desafio é ultrapassar o conhecimento jurídico. Quem se contentar com as disciplinas clássicas estará condenado a não encontrar um nicho garantidor da sobrevivência. Para quem estiver antenado ao que acontece no mundo e observar as necessidades do mercado, esse terá futuro. Talvez algumas pistas sirvam para a reflexão dos futuros bacharéis.

A informatização é irreversível, tanto na vida privada como na administração pública. O domínio dessas tecnologias da comunicação e informação é essencial. Até as crianças hoje são desenvoltas no manuseio desses equipamentos eletrônicos que, aos poucos, vão facilitando a vida comum. Outro ponto a merecer consideração é a proficiência em mais de um idioma.

O monoglota é alguém privado de se comunicar com o mundo civilizado. Principalmente quando ele só se exprime em Português. O inglês é hoje obrigatório. Mas ganha ponto quem puder falar também alemão e mandarim. O advogado será cada vez mais um consultor de negócios, especialista em prevenir acidentes jurídicos, sempre frequentes para quem explora atividades na empresa privada.

O direito penetrou na vida de cada um de maneira tão intensa, que é comum encontrar profissionais de outras áreas que a necessidade empurrou para o aprendizado jurídico. Um Estado que ocupa mais lugar do que deveria, que se intromete em tudo e que é um sorvedouro crescente dos nossos ganhos, precisa de limites. Estes só podem ser opostos pelo Direito. Ferramenta que, bem utilizada, consegue resolver problemas e que, manejado por incompetentes, vai causar prejuízos irreparáveis.

Os jovens precisam ter consciência de que o diploma é mera condição para um exercício profissional que pode ser promissor para o corajoso, desalentador para alguém que possui limites superáveis apenas por ele próprio. Mudar a vida é resultado de desejo firme e vontade inabalável. Ingredientes que estão dentro de nós e que ninguém consegue introjetar se não quisermos ou não deixarmos.

JOSÉ RENATO NALINI é presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo para o biênio 2014/2015. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.


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O mundo novíssimo

Deu o que falar o artigo “Como conciliar tudo isto?”, em que eu comentava a realidade dos “wearables” e o anacronismo de se guardar papel velho. Inconcebível que os processos judiciais tenham de durar eternamente, enquanto os próprios seres humanos, mais dia menos dia, virarão pó. É sensato, num país pobre, destinar dinheiro do povo para arquivar processo findo? 

Essa discussão deve ser travada aqui em São Paulo, que tem o maior acervo de feitos guardados em ambiente climatizado e que custam uma fortuna ao povo. Mas vamos confiar no bom senso e na irreversibilidade das conquistas tecnológicas. Além dos aparelhos já disponíveis, quais a pulseira que mede os passos e a frequência cardíaca, os óculos que são verdadeiros tablets, há novidades de inegável utilidade e que superam os desejos dos dependentes da eletrônica. 

Laboratórios de empresas e universidades desenvolvem projetos como os dos chips implantáveis no corpo humano. Serão de extrema valia para que os médicos possam acompanhar, continuamente e à distância, dados vitais de seus pacientes. Um exemplo é o nível de insulina no sangue. Se o nível for baixo demais, um sinal alertará o usuário. A saúde será monitorada e isso garantirá viver mais e melhor. 

Outras deficiências poderão ser corrigidas graças a tais avanços. O artista plástico inglês Neil Harbisson já se serve de um “wearable” para saber quais são as cores do universo. Portador de acromatopsia, doença que não distingue as tonalidades e faz com que ele enxergue tudo em branco e preto, serviu-se das descobertas e desde 2004 passou a usar uma tiara co sensor que capta as cores do ambiente. Cada cor corresponde a uma nota musical. Neil incorporou uma sinfonia à sua rotina. 

O mundo está aberto ao avanço da ciência. E isso graças à exponencial redução do tamanho dos chips, cada vez menores, mais baratos e potentes. Isso é bom? Isso é mau? 

Sem maniqueísmo, há faces saudáveis e faces cruéis em quase tudo na vida. A revolução tecnológica é irreversível. Extraiamos dela o melhor. E estejamos prontos para mudanças, pois o que está parado, neste mundo, está morto e não sabe. 

* JOSÉ RENATO NALINI é presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo para o biênio 2014/2015. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br. Visite o blog no endereço https://renatonalini.wordpress.com e dê sua opinião sobre seus artigos.

 
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Como conciliar tudo isto?

Este ano vamos nos familiarizar com os “wearables”, aparelhos digitais “vestíveis”, que facilitarão nossa vida. Já conhecemos a pulseira de exercício, disponível no mercado desde 2011. Ela registra o número de passos, as calorias queimadas em atividade física e a velocidade da corrida.

Também já está à venda o “Glass”, óculos do Google, que custa 1.500 dólares. Nele, uma tela de computador igual à do tablet, permitirá navegar na internet, usar o GPS e acessar aplicativos. É visível no olho direito e é comandado por voz e gestos.

Mas há muito mais a caminho. Os “wearables” aposentarão os iPhones e iPads, pois funcionam como uma segunda pele. Nos Estados Unidos já existe por 130 dólares um hacker no cérebro, utilizável no trabalho ou para entretenimento. É uma tiara que capta ondas cerebrais e possibilita se comandem aparelhos como computadores, apenas com o pensamento.

O “computador de peito” está sendo desenvolvido para realizar apresentações, videoconferências e navegar na internet. Esse colete é conectado à web e equipado com câmeras e projetor. Cria tela de computador à frente do usuário, esteja ele onde estiver.

O smartwatch já é também disponível, por 589 reais e é um relógio computadorizado que funciona como um smartphone. Faz ligações telefônicas e acessa a internet e aplicativos.

O que dizer da roupa high-tech, já disponível no exterior por 399 dólares? Quando se pratica exercício físico, sensores espalhados pela camiseta da startup AiQ, de Taiwan, medem batimentos cardíacos, a taxa de respiração e a temperatura corporal.

Este ano também permitirá comprar um anel que exibe se há novos e-mails ou notificações de redes sociais para ser conferido. Ainda controla aparelhos à distância.
Embora recém-nascido, o mercado de “wearables” já vendeu em 2013, 15 milhões de unidades. Até 2018, o crescimento será de 3.200% com 485 milhões de unidades comercializados ao ano.

E pensar que essa realidade, já experimentada – pois foram anos de pesquisa e de provas até ingressar no mercado – convive com o anacronismo de arquivamento de papeis inservíveis, quais processos findos. Por esse armazenamento o povo paga milhões. Como conciliar o contemporâneo com o superado?

* JOSÉ RENATO NALINI é presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo para o biênio 2014/2015. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br. Visite o blog no endereço https://renatonalini.wordpress.com e dê sua opinião sobre seus artigos.

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