Blog do Renato Nalini

Ex-Secretário de Estado da Educação e Ex-Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo. Atual Presidente e Imortal da Academia Paulista de Letras. Membro da Academia Brasileira de Educação. É o Reitor da UniRegistral. Palestrante e conferencista. Professor Universitário. Autor de dezenas de Livros: “Ética da Magistratura”, “A Rebelião da Toga”, “Ética Ambiental”, entre outros títulos.


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Vou precisar de intervenção?

Os americanos são pródigos em realizar programas que exploram o exotismo e nós, culturalmente colonos, os copiamos. Assim os múltiplos reality shows que caíram no gosto do telespectador primário e propiciam alta lucratividade a quem os mantém e reitera em sucessivas versões. Assisti a alguns programas em que profissionais ajudam pessoas mentalmente enfermas. Como explicar juntem lixo e tralha a ponto de impedir sua locomoção pela casa e de inibir a visita de familiares e amigos? 

Minha compulsão por guardar papéis talvez me leve a necessitar desses préstimos, quando eles se tornarem mais comuns no Brasil. Separo uma quantidade enorme de jornais, com a esperança de lê-los vagarosamente e deles extrair artigos, ideias para palestras, ilustração para aulas. Eles crescem em pilhas e nunca tenho o tempo disponível para me desfazer, pois isso pressupõe efetiva consulta. 

Sempre prometida, sempre adiada. Identifico-me, às vezes, com o personagem Langley, do livro Homer & Langley, de E.L.Doctorow, tradução de Ro berto Muggiati, Editora Record. A inspiração é um fato real: dois irmãos viviam sozinhos em mansão de 4 andares na 5ª Avenida, atulhada de pilhas de jornais, máquinas de escrever, pianos, quadros, carrinhos de bebê e até um Ford bigode instalado no meio da sala. Langley guardava todos os jornais para que pudesse, um dia, sintetizar a história  humana em edição especial, um jornal único para todos os tempos. 

Minha única esperança é a de que um dia me sacuda um átimo de lucidez e eu mesmo, sem a necessidade de intervenção, dê fim a tudo aquilo de que não consigo me desfazer. Não são só jornais. São revistas, cartas, cartões, mensagens, convites, lembranças de uma vida que se entremostrava tão longa, mas que se encaminha aceleradamente para o seu final. Conforta-me a consciência que ainda não perdi, de não deixar mais trabalho aos filhos e netos, do que me acomodar para a viagem da qual não se volta. Seria triste que, além desse inconveniente, ainda legasse um volume incrível de bugigangas, badulaques e objetos que só têm sentido para este pobre e triste coração.

José Renato Nalini é Desembargador da Câmara Especial do Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br


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Criar, mas com ética

A Universidade brasileira se assenta, por comando constitucional, em 3 pilares: ensino, pesquisa e extensão. Mas a sociedade consumista e imediatista já não tem interesse em pesquisas aprofundadas, ou que demandem longos períodos. Impõe aos docentes a urgência na elaboração de textos científicos e na sua publicação em veículos “qualis”, ou seja, credenciados para agregar valor ao currículo.

Isso faz com que boa parte dos professores tenha dificuldade em criar e aproveite a facilidade de se valer de pesquisa alheia para dar a falsa ideia de ser um pesquisador criativo. Multiplicam-se as hipóteses de plágio, o que significa a mera cópia de partes integrais de um ou mais trabalhos já publicados, sem aspas ou mesmo sem a citação dos autores. 

Mas essa não é a única fraude que a Universidade constata em nossos dias. Fala-se em “produção salame”, com a divisão do resultado de um trabalho em várias partes, o que “rende” a publicação de vários artigos. Também é comum a disseminação da ideia do “Clube da coautoria”: cedem-se os nomes para figurar como coautor, com retribuição da gentileza na reciprocidade que deve caracterizar o bom convívio entre “pássaros de igual plumagem”.

A “máfia da citação” é a praxe de se incluir o nome de alguns cientistas respeitados em seu trabalho, para que este – ainda como reciprocidade gentil – também cite o nome de quem se lembrou dele em futuros trabalhos. O autoplágio é a publicação de artigos semelhantes em várias revistas, com pequenas modificações, como se fossem produto virgem de seu talento. 

O Brasil ainda não tem regras claras para prevenir e sancionar os casos de fraudes científicas. O CNPQ – Conselho Nacional de Pesquisa Científica noticiou que deve criar uma comissão nacional com essa função. Para o Presidente do CNPQ, Glaucius Oliva, é preciso “introduzir o conceito de ética em nossos pesquisadores”. E isso também é importante para educar a rapaziada. 

Com a facilidade na busca em instrumentos das redes sociais e a contratação de profissionais que elaborem os TCCs – Trabalhos de Conclusão de Curso ou as monografias para obtenção dos diplomas, a indústria da falsidade está em alta num país que prima pela falta de moral em todos os níveis.

José Renato Nalini é Desembargador da Câmara Especial do Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.


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O que ocorre na USP?

Enquanto o Brasil ufanista comemora a inclusão da Universidade de São Paulo no rol das duzentas melhores do mundo, a mídia noticia a invasão de sua Reitoria e a necessidade de atuação da PM para devolvê-la a quem de direito.

A sensação do leigo é a de que os alunos queriam consumir drogas e a PM os impediu. Há quem diga que as reivindicações dos invasores vão além. Na verdade, a maior parte do alunado não ostenta a bandeira do consumo livre de substâncias entorpecentes. Gostariam de uma participação mais efetiva na gestão da Universidade.

Se tais pretensões não chegaram a conhecimento da população, houve falha na comunicação dos reivindicantes. Mas o momento é propício a uma reflexão mais aprofundada a respeito de tal situação. Por um cruel paradoxo, as vagas na USP são reservadas àqueles que tiveram um curso fundamental e médio aprimorado. Os pobres são obrigados a recorrer à Universidade privada, paga e nem sempre com a qualidade desejável.

Seria o momento de repensar o modelo. Por que não cobrar dos alunos que podem pagar? Não é justo que o povo pobre sustente alunado com suficiência econômica e que, aos olhos desse mesmo povo, parece preferir invasões de Reitoria em lugar de estudar. Vista de fora, a crise depõe contra o alunado. Participar dos colegiados, reivindicar, pleitear, exercer até mesmo certa rebeldia, própria à juventude, é normal e desejável. Invadir Reitoria não é argumento. Se é verdade que professores de prestígio estão favoráveis aos alunos, impõe-se que a argumentação chegue a conhecimento dos interessados. E interessados somos todos os que honramos a elevadíssima carga tributária imposta a cada brasileiro, para sustentar uma perdulária e dispendiosa estrutura estatal. 

Também é urgente esclarecer se entre os estudantes invasores todos são zelosos cumpridores de seus deveres discentes e se é inverídica a notícia de que entre eles encontram-se os que já deveriam estar jubilados. 

No momento em que a educação brasileira está na rabeira, em que não se ensina e não se aprende, em que o analfabetismo funcional é o único fenômeno crescente, em nada ajuda o Brasil defrontar-se com episódios como este da USP. O homem de bem merece algo melhor.  

 

José Renato Nalini é Desembargador da Câmara Especial do Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.


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Acordar e enxergar

Ethan Mc Cord é um soldado norte-americano que foi lutar no Iraque. Estava convencido de que os iraquianos eram todos terroristas, queriam destruir o mundo e, principalmente, a Democracia. Imbuído da melhor das intenções, passou longo período a participar da redenção daquele povo equivocado. Só que a permanência em solo estrangeiro fê-lo enxergar as coisas de forma diferente. Viu uma população que só queria se proteger e à família. Eram pessoas em tudo iguais aos americanos. Os mesmos sonhos, idênticos sentimentos, vontade de viver em paz.

Numa das investidas contra um alvo considerado terrorista, presenciou quando o condutor de uma van parou para socorrer um ferido. Era alguém que nada tinha a ver com a operação de guerra. Estava a exercer o papel do bom samaritano. Mesmo assim, foi metralhado. Ethan viu que havia crianças dentro da van. Eram os filhos do motorista morto que ele ia levar à escola. Estava no lugar errado no momento errado. Esqueceu-se das regras e saiu em defesa das crianças. Viu que elas estavam feridas. Abraçou-as como se fossem seus filhos.

Chorou ao prestar socorro. Não sabia que tudo isso estava sendo filmado. Como, aliás, eram filmadas as atividades norte-americanas em solo iraquiano. Só muito mais tarde assistiu à cena que pretendia esquecer. Felizmente, as crianças foram salvas. Assistiu a uma entrevista com elas e concordou em dar entrevista que percorreu o mundo. Quantos jovens americanos despertaram para essa realidade cruel? Guerra no quintal dos outros em nome de valores que são desrespeitados.

A mesma Pátria que forneceu Eleonor Roosevelt, o grande símbolo dos direitos humanos, parece equivocar-se quando patrocina incursões violentas em solo alheio. Em pleno século XXI, no limiar do terceiro milênio, a guerra é utilizada como substitutivo à política. O homem parece insuscetível de crescer moralmente. Padece da mesma enfermidade crônica e é feito de matéria miserável. Capaz de fazê-lo cruel, inclemente, insensível e ávido de sangue. Ainda existe quem acredite na bondade natural da criatura que, pretensiosamente, se autodenomina a única racional no reino animal?

José Renato Nalini é Desembargador da Câmara Especial do Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.


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Educação para o consumo

As Faculdades de Direito aos poucos se transformam num curso de preparação ao Exame da OAB. A opção resta clara, quando se verifica o rol de incumbências burocráticas imposto aos professores, todos eles chamados a “treinar” o alunado para a melhor performance nessa avaliação de competência técnica. Ao longe, mas antenado, Bento XVI parece conhecer a realidade brasileira. No recente encontro mantido com docentes e estudantes na Jornada Mundial da Juventude, ele teve coragem de afirmar: “Às vezes se pensa que hoje a missão de um professor universitário seja exclusivamente a de formar profissionais competentes e eficazes, que satisfaçam à demanda trabalhista”.  Se a transformação do ensino universitário for analisada com sensatez, essa afirmação se tornará mais contundente ainda. Não apenas se “pensa”, mas “tem-se certeza” de que a obrigação do docente é atender ao mercado.

 

Continua o Papa: “Também se diz que se deve privilegiar a mera capacitação técnica. Certamente, difunde-se na atualidade essa visão utilitarista da educação”. Essa é uma visão antiética e leva ao totalitarismo. Pois “quando apenas a utilidade e o pragmatismo são eleitos como critério principal, as perdas podem ser dramáticas: desde os abusos de uma ciência sem limites até o totalitarismo político, que se aviva facilmente quando se elimina toda referência superior ao mero cálculo de poder”. A Universidade deveria voltar à sua autêntica vocação: a busca da verdade humana. Com a experiência de quem foi professor universitário por 25 anos, Joseph Ratzinger acrescentou que “a universidade encarna, pois, um ideal que não deve ser desvirtuado por ideologias fechadas ao diálogo racional nem por um servilismo a uma simples lógica utilitarista de mercado, que vê o homem como mero consumidor. Eis aí a sua importante e vital missão”. Seria bom que todos atentassem para essa advertência. Não só os mantenedores, coordenadores, responsáveis e mestres. Mas também o alunado, que mergulha no pragmatismo e que só pensa em “vencer na vida”, em vez de procurar “ser feliz”.

 

José Renato Nalini é Desembargador da Câmara Especial do Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.


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Aquecimento global é sério!

O Clima é a primeira das preocupações do atual Secretário-Geral da ONU, Ban-ki Moon. Isso porque o aquecimento global é muito mais grave do que poderia parecer. A revista Scientific American publicou estudo que evidencia como são subestimados os danos sociais decorrentes da emissão de dióxido de carbono. Já se mencionou a cifra de 21 dólares por galão de 3,8 litros de derivados de petróleo. O prejuízo por essa emissão chega a 900 dólares, ou seja: 45 vezes mais.

O Brasil, como sempre, é pródigo nas propostas. Foi criado um Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais – Cemaden. Nele, 75 cientistas poderão alertar 25 cidades com 12 horas de antecedência sobre inundações. Com 2 a 6 horas de antecedência, prevenir quanto a deslizamentos de morros e encostas. Só em São Paulo, de acordo com o IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 115 mil pessoas vivem nessas áreas de risco.

Os eventos ligados ao aquecimento global causaram 2 mil mortes em um ano. Por isso é que é urgente passar do discurso para uma prática séria. Infelizmente, o governo acena reduzir o IPI de veículos menos poluentes. Mas em 2009 deu R$ 1,75 bilhão em reduções do mesmo imposto para estimular a venda de qualquer tipo de carro. E já permitiu que o crédito chegasse a 72 meses para que cada um tenha o seu carrinho! Enquanto isso, a seguradora Munich Re apurou que em 950 catástrofes ocorridas em 2010, foram pagos 37 bilhões de dólares de indenização!

Os ouvidos continuam surdos e não ouvem o que aconteceu na Austrália, com secas e inundações inéditas. No Paquistão, 20 milhões de desabrigados pelas cheias. O calor insólito matou milhares na Rússia e na China, 630 mil pessoas ficaram sem água potável em cinco províncias do Rio Yant-tsé. Aqui no Brasil, ninguém se lembra da tragédia do Rio, ocorrida neste verão? Só para comparar, o Japão já reconstruiu as cidades atingidas pelo tsunami. Aqui, suspeita-se de desvio das verbas disponibilizadas para minorar a catástrofe. A velha corrupção mostrando que não é a natureza que se deteriora. Mais nefasta é a podridão da mente humana.

José Renato Nalini é Desembargador da Câmara Especial do Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.


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Ética da compreensão

Impressionou-me a vivacidade e o dinamismo de Edgar Morin, que falou na Sala São Paulo para cerca de dois mil atentos partícipes do projeto “Fronteiras do Pensamento”. Noventa anos bem vividos – nasceu em 1921 – não o impediram de falar em pé, durante hora e meia, com entusiasmo e convicção.

Isso me leva a pensar na insensatez da compulsória aos 70 anos, fixada no Brasil quando a vida útil do brasileiro era estimada em patamares muito inferiores aos atuais. Hoje, há muitos idosos saudáveis, que – depois dos setenta – permanecem aptos ao exercício de muitas atividades. Notadamente aquelas que não dependem de força física, músculos ou juventude. Na verdade, a experiência é um cúmulo de saberes adquiridos na prática. O que leva a concluir que maturidade equivale a um plus na qualificação para o desempenho de qualquer mister. Presunção relativa, mas que não pode deixar de ser considerada.

Ora, a juventude, sempre apressada, acredita que a velhice nunca chegará, impede a alteração do texto constitucional que obriga o desligamento do serviço público aos 70 anos. Tema que a Previdência Social irá enfrentar quando o caixa não dispuser de recursos para a satisfação dos proventos.

Mas o que deve ser objeto de reflexão é o conteúdo da fala de Morin. Ele parte da constatação de que o mundo é hoje muito complexo e ininteligível para a maioria. A modernidade líquida, na visão de Zygmunt Bauman, significa a liquefação de tudo o que parecia sólido: os valores, as instituições, as crenças. Parece que tudo se liquefez e se tornou insuscetível de apreensão.

Nessa derrocada, também a ética desapareceu. Ao menos, aquela ética tradicional de apreço à probidade, à lisura, do “fio de barba”. Tudo o que desapareceu com a nova barbárie do “salve-se quem puder” contemporâneo.

Por isso é que Morin insiste na ética da compreensão. Compreender o mundo, compreender o outro, este ser diferente, mas que tem alguma semelhança conosco. A ética da compreensão é a alternativa para tentar enfrentar o mundo da incerteza, em que o animal humano continua a exercer a sua crueldade e a sua indiferença com outros seres de sua mesma espécie. Esse o caminho que vale a pena ser percorrido.

 

José Renato Nalini é Desembargador da Câmara Especial do Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.


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Vergonha de trabalhar?

“Trabalho de criança é pouco; quem despreza é louco”, era um ditado antigo. Ouvi muito isso, como justificativa a quem se valia dos préstimos infantis. Trabalho enobrece. Mente vazia é oficina do demônio, também se costumava dizer. Nos tempos “politicamente corretos”, impede-se a iniciação da vida laboral de quem – à falta do que fazer – se dedica ao vício. Há pouco tempo a Justiça de São Paulo ainda dispunha da instituição chamada “menor colaborador”. Crianças eram colocadas em gabinetes dos juízes e aprendiam a se comportar.

Muitos deles fizeram carreiras e hoje há desembargadores que foram “menores colaboradores”. Daí vem o Ministério Público do Trabalho e proíbe esse treinamento. Ouço relatos de pais que já não sabem o que fazer com seus filhos, cedo iniciados na droga. Mas também há outro problema. Sem trabalhar, a adolescência se prolonga. Adultos com mais de 30 anos continuam às expensas dos pais. Não têm autonomia. Não sabem o que fazer da vida. Nada lhes serve, pois tudo “caiu do céu”.

Num dos programas do Dave Letterman, foi entrevistado o ex-presidente da Boeing, hoje CEO da Ford. Permaneceu 37 anos na empresa que produziu os Boeing. Saiu a convite da Ford e, com seus projetos conseguiu financiamento de 23 milhões de dólares e a Ford começou a dar lucro. Pois esse homem começou como entregador de jornal, foi empacotador em supermercado, entregador de mercadorias e se orgulha disso.

Os norte-americanos desde cedo trabalham nas férias, não se envergonham de cortar grama, de fazer o papel de “baby-sitter” ou de servir de companhia para idosos ou enfermos. É assim que aprendem a liderar, a enfrentar desafios e a vencer na vida. Por isso é que eles são pobres, atrasados, estão na rabeira do mundo.

Nós, que somos o gigante adormecido, terra em que se plantando tudo dá, criamos nossas crianças como se o trabalho fosse algo indigno, destinado a pessoas subalternas, inferiores, menos aptas do que a classe ociosa. Isso também explica a ética norte-americana e a situação do grande império do norte, cotejada com este arquipélago de iniquidades, vazio de moral e cheio de ilhas que são um convite a pesquisas antropológicas. A antiga Terra de Santa Cruz, hoje chamado Brasil.

José Renato Nalini é Desembargador da Câmara Especial do Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.