Quando eu era criança, aluno da Escola Paroquial Francisco Telles, havia a “Cruzada Eucarística”, grupo de alunos que se interessavam pelo Sacramento, mas também procurava se congregar para esportes, reuniões, passeios, toda espécie de convívio.
Quando aluno do Ginásio Divino Salvador, depois Colégio Divino Salvador, havia o GEDIS – Grêmio Estudantil Divino Salvador. A posse dos eleitos era prestigiada pelo diretor da escola, o GEDIS era alvo de disputa e tinha uma atuação proativa em todos os assuntos escolares. Mais tarde, ao estudar na PUC-Campinas, tínhamos a AUJ – Associação do Universitário Jundiaiense, de saudosa memória.
A Faculdade de Direito possuía um Diretório Acadêmico, antes Centro Acadêmico. Fui até candidato em 1968, pelo MADI – e perdi para o MEU-Movimento de Evolução Universitária, que elegeu Rubens Bergonzi Bossay. Hoje desembargador no TJMS.
Tudo para indagar: onde estão hoje os Grêmios Estudantis?
Por determinação do Ministério Público, mapeou-se a existência dos Grêmios Estudantis nas escolas públicas paulistas. Existem Grêmios em 3,4 mil escolas. Mas não são atuantes como antigamente. O GEDUC, Grupo de Atuação Especial de Educação, do MP, quer fazer com que essas entidades existam e funcionem. O empenho é treinar professores e coordenadores para que auxiliem os alunos e garantam eleições anuais nos colégios.
A existência de uma entidade congregadora de alunos é parte do projeto pedagógico da escola. Exatamente aquelas que têm alto índice de violência não contam com gestão participativa do alunado.
Toda escola precisa ter seu Grêmio Estudantil. É um treino para a vida adulta. Participar é um aprendizado. Há o enfrentamento da realidade lamentável das finanças públicas, o desafio da criatividade, manter o nível mesmo sem a injeção de escassos recursos financeiros, num período em que a arrecadação só cai e nada mostra tendência de melhora.
O desinteresse da juventude pelos destinos da educação é que alimenta o ranking da mediocridade. No momento em que ela for despertada, será parte da solução e saberá encontrar caminhos que aprimorem o combalido sistema educacional público.
Fonte: Jornal de Jundiaí | Data: 25/02/2016
JOSÉ RENATO NALINI é secretário da Educação do Estado de São Paulo. E-mail: imprensanalini@gmail.com.