Depois de acenar para os excluídos, invisíveis para o tradicionalismo, o Papa Francisco exorcizou a pedofilia, promoveu o ecumenismo e reatou os laços entre USA e Cuba. Mas continua a sua revolução corajosa, a enfrentar o anacronismo que fez fugir da Igreja Católica uma legião de desalentados.
Atacou a Cúria Romana, estrutura hierárquica e humana já contaminada como as demais instituições da miserável criatura prepotente e arrogante que é o homem. Não só “pôs o dedo na ferida”, mas lancetou o tumor e atingiu o seu cerne, mencionando os quinze males que acometem a administração da Igreja.
É bom lembrar a todos os cristãos, de que essas doenças podem atingir qualquer ser humano. Por isso, é preciso estar vigilante. Quais são elas?
Recapitulemos a lição pontifícia: 1. Sentir-se autossuficiente, não fazendo autocrítica, não se atualizando e não tentando melhorar; 2. Trabalhar demais sem repouso; 3. Perder a sensibilidade ‘que nos faz chorar com os que choram‘; 4. Limitar a liberdade do Espírito Santo devido ao excesso de planejamento; 5. Trabalhar sem coordenação, como ‘uma orquestra que só produz ruído‘; 6. “Alzheimer espiritual”, que atinge os que se esqueceram de seu encontro com o Senhor; 7. Fazer da aparência e dos títulos o principal objetivo da vida; 8. “Esquizofrenia existencial”: muitas vezes afeta os que trocam o serviço pastoral pela burocracia; 9. Praticar o “terrorismo da fofoca”, falando pelas costas; 10. Cortejar os superiores e honrar pessoas que não são Deus, esperando por sua benevolência; 11. Por ciúmes ou astúcia, ficar contente com a queda de alguém, em lugar de ajudá-lo; 12. Ter um “rosto fúnebre”, muitas vezes sintoma de medo. O apóstolo deve transmitir alegria por onde passa; 13. Tentar preencher o vazio existencial do coração com bens materiais; 14. Formar ‘círculos fechados‘ que buscam ser mais fortes do que o todo; 15. Querer mostrar-se mais capaz do que os outros, por meio de calúnia ou difamação.
Honestamente falando, quem é que já não cometeu algum desses pecados ou apresenta sintoma de alguma dessas enfermidades? Francisco é destemido, conquista a ira dos que preferem o clima das catacumbas e desenham um Deus vingativo, rancoroso, triste e perverso, assim como o carcomido coração deles.
JOSÉ RENATO NALINI é presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo para o biênio 2014/2015. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.