O ovo já foi vilão. Conheço gente que só consumia clara e jogava as gemas fora. Justamente a gema, que produz doces tão deliciosos como os portugueses. Lá, um Estado confessional repleto de ordens religiosas usava as claras para engomar os hábitos das freiras e, com isso, desenvolveu a indústria dos doces de ovos. Todos feitos com gema. “Ovos moles”, “fios de ovos”, “fatia do céu”, “pastéis de Belém”. Doces chamados “conventuais” exatamente por causa disso.
Pois hoje o ovo foi reabilitado. Faz bem. É alimento que contém minerais como cálcio, ferro, zinco, fósforo, potássio, magnésio e sódio. E também quantidade expressiva de selênio. Este é um oligoelemento fundamental para a síntese das selenoproteínas e desempenha importantes funções biológicas como antioxidante, formação nos hormônios tireoidianos, síntese de DNA, fertilidade e reprodução.
Um ovo contém 15 mcg de selênio e representa 33% das necessidades diárias de um adulto. E é fonte de proteína, possui em sua composição vitaminas lipossolúveis – A, D, E, K, vitaminas do complexo B, carotenoides, luteína e zeaxantina, além de minerais, que fazem dele um alimento completo.
Sei disso porque fui à Festa do Ovo, em Bastos, a Capital do Ovo, a convite da prefeita Vergínia Fernandes. Lá também estava o ministro Blairo Maggi, que trouxe boa notícia: em Iacri vai se instalar uma indústria que fará “ovo em pó”. Com isso, faremos com que o ovo, altamente perecível, possa vir a ser exportado para todo o mundo. Para nosso bem. Pois o ovo está mantendo índices muito favoráveis na balança comercial nesta fase trágica de carência de recursos financeiros.
Bastos possui 130 granjas de postura comercial, 70 avicultores, 32 coturnicultores, mais de 28,5 milhões de aves, 6,1 milhões de pintainhos, 1,5 milhões de codornas. Produz 17,8 milhões de ovos por dia, 49,5 mil caixas de 30 dúzias, ou seja: 742,5 mil ovos por hora, 12,3 mil por minuto e 206 ovos por segundo.
Durante a festa houve solicitação expressa de inclusão de ovo na alimentação escolar. Já existe esse uso em algumas regiões. Mas é preciso intensificá-lo. Ovos salvam a saúde, mas também salvam a economia. O que não é pouco em nossos turbulentos dias.
Fonte: Jornal de Jundiaí | Data: 31/07/2016
JOSÉ RENATO NALINI é secretário da Educação do Estado de São Paulo. E-mail: imprensanalini@gmail.com.