Blog do Renato Nalini

Ex-Secretário de Estado da Educação e Ex-Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo. Atual Presidente e Imortal da Academia Paulista de Letras. Membro da Academia Brasileira de Educação. É o Reitor da UniRegistral. Palestrante e conferencista. Professor Universitário. Autor de dezenas de Livros: “Ética da Magistratura”, “A Rebelião da Toga”, “Ética Ambiental”, entre outros títulos.

O feio é mais barato?

9 Comentários

Fico desolado quando viajo e constato a pobreza estética dos núcleos habitacionais. Uma casinha encostada à outra, sem espaço para um jardim, para uma horta. Sem árvores defronte às casas, numa repetição monótona e feia.

Será que é mais barato construir conjuntos idênticos, padronizados, que não admitem distinção entre uma residência e outra? Será que não temos arquitetos nem estudantes de Arquitetura que poderiam elaborar projetos mais ambiciosos, mais estéticos e até mais baratos?

Nesse ponto, como em tantos outros, evidenciamos nossa indigência ou pobre imaginação. Enquanto reproduzimos o modelo arcaico e pobre de uma arquitetura medíocre, esquecendo-nos que produzimos Niemayer, Paulo Mendes da Rocha, Vilanova Artigas, Jean Maitrejean, Ariosto Mila, Araken Martinho e tantos outros, povos que se encontram anos-luz à nossa frente adotam soluções consentâneas com as necessidades ambientais e com a beleza.

O Centro de Convenções Jacob K.Javitz, em Nova York, era um edifício causador da morte de inúmeras aves que se chocavam com sua fachada espelhada. Depois de uma reforma que levou cinco anos, novos painéis de vidro com estampas reduziram em 90% a morte de aves. Construiu-se um telhado verde coberto de sedum, planta rasteira resistente e utilizada em coberturas verdes. O resultado foi atrair mais de onze tipos de aves: tordos, falcões, gaivotões-reais e tantos outros. Morcegos e insetos, que servem de alimentação, também se hospedaram no espaço ambiental.

As abelhas também voltaram. Três colmeias foram montadas e ali produziram mel. Outro projeto interessante foi uma horta plantada sobre um telhado em St. Louis, no Missouri. Verduras orgânicas plantadas pelo projeto Food Roof Farm – Horta Alimentícia de Telhado, abastecem a comunidade.

Além de tudo o que produzem para melhoria da qualidade de vida, provocam a solidariedade entre as pessoas. Quem trabalha em conjunto num jardim, horta ou pomar, fica amigo, companheiro e convive em harmonia. Reduz-se a violência, o estranhamento e até o estresse.

Aqui, o lixo toma conta de todos os espaços. Pessoas se acomodam em desvãos e vivem na rua, na mais absoluta indignidade. Também, o que o governo oferece em termos de moradia é um amontoado horroroso de gente que se acotovela, sem um verde, uma flor, uma árvore. Pobre Brasil!

JOSÉ RENATO NALINI é desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br.

Autor: Renato Nalini

Ex-Secretário de Estado da Educação e Ex-Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo. Presidente e Imortal da Academia Paulista de Letras. Membro da Academia Brasileira de Educação. Atual Reitor da UniRegistral. Palestrante e Conferencista. Professor Universitário. Autor de dezenas de Livros: “Ética da Magistratura”, “A Rebelião da Toga”, “Ética Ambiental”, entre outros títulos.

9 pensamentos sobre “O feio é mais barato?

  1. Concordo que falta criatividade e que não se esforçam em embelezar o “gratuito”, mas… do outro lado (não consigo ver nada por um único lado…), e não sei se todos fariam por merecer o além do básico, pois nem o básico estão conservando. Triste realidade!

    Pobre Brasil! Pobre da pessoa limitada; aquela que se rendem ao mínimo que lhes ofertam sem conhecerem o quanto além, tudo pode ser mais lindo, e só depende de nós!!!

    O governo entrega um conjunto habitacional razoável. Tempos depois tudo está horrível! Tenho uma conhecida que aproveitou a oportunidade que lhe cabia aos bolsos e, tentou residir em um! Tentou, pois a qualidade de vida era sua prioridade, e não desistiu! Tentou implantar bons projetos a uma boa convivência, mas, não só não aderiram, como em pouco tempo, já se via algo destruído aqui e ali… sem a possibilidade de diálogo à conservação e manutenção.

    Com isso, não culpo governo. Não culpo só a população… há muita gente comprometida, mas por vezes, sem voz!!!

    Tudo está uma bagunça! Hoje culpo a educação familiar, origem de tudo… Já que uma boa educação e básica disciplina, fariam sim a diferença!

    Esses dias fui marcar uma consulta à minha tia em um posto de saúde público que achei em meu bairro (Vl Mariana/Aclimação) a ela. O do bairro dela (Brasilândia), nunca tinha a vaga para o especialista que necessitava. Bom, lá chegando, lí um aviso de que inúmeras pessoas marcaram consulta e não compareceram. Solicitava aos usuários que informem e não ocupem a vaga das pessoas em fila de espera. O número era gingantesco! Elaboraram uma estática anual que me fez refletir: quantos necessitados deixaram de ir por conta desses desprovido de compromisso? HJ o sus envia um torpedo comunicando da consulta. Além, atendente liga confirmando a consulta, dois dias antes. Logo, o que falta? Além de médicos que simulam ir e não vão… E mais dedicação do Governo à prevenção antes de tudoo… Precisamos que a população faça o mínimo também. O mínimo que aprendi desde de criança. Honrar um compromisso assumido, ou avisar que não poderá estar presente em respeito ao profissional, bem como a QQ outro encaixe que poderá sim fazer às pressas.

    Quanto às aves, Eu não sabia de como matava esses prédio espelhados. Pela Luiza Mell, fiquei conhecendo da gravidade, bem como que já há projetos de arquitetos, que informam aos clientes dos motivos, e muitos autorizam adesivar com desenhos de gaviões para que o pássaro pense ser um predador e mude o percurso antes de se machucarem batendo na janela. Achei interessante. Em praças de NY, uma gari comentou do quanto varreu esses cadáver pequeninos. Uma judiera! Esses dias em uma feira de adoção, Luiza Mell recebeu um desmaiado das mãos de uma pessoa, que assistiu a cena dele batendo e caindo tonto. Sobreviveu graças a Deus! Mas os adesivos salvariam mais…

    Quanto a habitação, eu sou locatária, não tenho um imóvel próprio, mas assim que pisei no meu apartamento, mesmo sabendo que não podia investir sem retorno, procurei esconder/corrigir os defeitos gritantes e transformá-lo para melhor habitá-lo. E isso me faz recordar de uma tia da zona rural de Pe (pai não conseguiu e não conseguirá levá-la à cidade), mas sua casa, ao seu modo é muito bonitinha! Mora no sítio do meu saudoso vô, e cada ano que lá vou, mas me apaixono por lá (exceto pelos morceguinhos que tenho medo, rs)! Não se vê luxo, mas se vê amor em cada mesa posta… Sala, cozinha etc. Tudo muito organizado e confortável! Penso que esse amor é tudo! Podemos encontrar tudo como for… Mas se existir amor dentro si haverá gratidão que transformará um casebre em um castelo sempre… Embelezará QQ coisa! QQ Ser… QQ tudo!

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    • O ponto crucial da questão, é que a arquitetura planejada, entregue para populações de baixa renda, não incluem áreas verdes.

      Muito menos espaços de lazer no condomínio. Na medida que o Governo entrega o mínimo necessário, neste caso sim, entraria o papel da população em conservar o que foi entregue com carinho e amor.

      Mas infelizmente COHABs e CDHUs, na prática se tornam verdadeiros lixões depois de certo tempo de inauguração.
      Uma vez que o Governo não investe em Educação, faz de conta que faz moradia apenas para superfaturar em obras públicas e engordar o caixa do partido, para políticos se perpetuarem no poder.

      Enquanto isso, se o Governo não investe em educação de base, a lógica do sistema é termos um povo de periferia mais fácil de manipular, uma vez que não possuem estudos, e onde o Estado não chega, o Crime Organizado e mesmo candidatos oportunistas tomam conta.

      Um jurista outro dia dizia na T.v: “…Não é somente o Crime Organizado que toma conta destas favelas verticais.

      Tem muito político que compra e tem grande domínio sob boa parte desta fatia da população carente, que vende seu voto por pouco dinheiro para se eternizar no Poder.

      Infelizmente os Políticos tem “medo” de instruir a população de baixa renda. Esta é que é a verdade, “data máxima vênia”, com medo de perderem seus reinados.

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      • Sim, Rodrigo! Sou a favor do melhor a todos! Mas o que quis dizer, é que se dessem o melhor, talvez o tema seria a crítica por mim exposta. Não sei ver só um lado. Sou justa até com quem não merecia elogios… Políticos (salvo poucas exceções), rs. E falo não do que leio, mas do que vivo! Sou sobrinha de administradora pública de uma cidade pequenina do interior de PE. E como mencionei acima, do caso de uma colega esforçada, que vivenciei, e que não conseguiu ter uma vida tranquila, por ver muita bagunça e nenhuma possibilidade de mudança ao seu conjunto habitacional aqui da capital, no centro de SP.

        Óbvio que as casinhas das imagem são IMPOSSÍVEIS de se viverem! Nem vi dentro, mas presumo, por estarem grudadas uma a outra. Mas não quis generalizar sem pincelar o outro lado, equilibrando o tema. Aqui na capital, há muitos conjuntos habitacionais que eu moraria. Vários blocos de prédios. Apartamentos sem acabamentos, mas que cada qual poderia cuidar aos poucos ao seu modo. Querendo, organizariam melhor o condomínio através de reuniões. Suas áreas comuns! Bom, quis dizer que há os dois lados… E não só na área habitacional, como na saúde e educação também!

        Na saúde, citei um exemplo, falando dos SMS avisando das consultas. O posto do bairro confirmarem consulta, como de um consultório particular. O AME Heliopólis, um sonho de estrutura hospitalar, que só deixa a desejar a um Sírio Libanês, Oswaldo Cruz. Frequento lá e cá, na maioria das vezes como acompanhante às minhas tias, mas registro tudo! Há outros melhorias como dos medicamentos gratuitos, que ajudam, mas podem melhorar, pois faltam muitos na farmácia ainda… ligamos a tv, e vemos o quanto tudo ainda está crítico! Profissionais que HJ simulam plantões – verdadeiros assassinos se tornam, já que quantos morrem pela falta do que deveria ter? Recebem honorários e não vão. De quem é essa culpa? Bom… Tem muito a se organizar, e o Governo, Profissionais e usuários precisam evoluírem juntos! Isso que reforço sempre… Falar de Governo é fácil! Que o meu dinheiro foi mal aplicado. Da corrupção, como se prefeitos fôssemos! Mas temos a nossa parte a cumprir… E na educação, penso que a educação do lar, pode auxiliar ou até salvar a educação escolar!

        Lembro que na minha época escolar, eu estudei no EEPSG Rodrigues Alves. Pai, na época era zelador de um edifício nos jardins. Mae do lar, e ambos ficavam loucos quando chegava a lista de material escolar. Lembro que só dePois da páscoa, conseguíamos levar tudo! rs.

        No tempo de minha filha, na mesma escola, ela recebia livros, cadernos, e demais materiais básicos ao estudo dentro de uma mochila. Sim, até mochila tinha. Bom, livros são caros… Lápis de cor, giz etc. Teve uma época de minha filha, que imitaram aquelas apostilas do etapa/objetivo. O Aluno, não só ganhavam os livros, como o caderno de respostas. Minha filha nunca preencheu um. Teve uma discussão que nunca se dissolveu sobre isso… Mas tentaram copiar o bom! E então, penso que tudo já foi pior, embora o ensino em si, ainda não foi transformado! Penso que HJ, o desafio é incentivar os profissionais à melhoria que todos sonhamos! Mas não podemos nos iludir, pois só aceitarão essa convocação, as crianças e jovens que tiveram melhor instrução em casa. Muitos não aproveitarão da oportunidade. Precisam de pais corajosos e dedicados que os ensinem a serem melhores… Tenho um compadre de meu irmão, professor de geografia da rede pública. Revolucionário! Mas… Já sofreu ameaças de alunos. Já ganhou uma úlcera, até que de tantas conversas, ele aceitou a nossa sugestão de que seguisse, só com os interessados. Conseguiu ajudar há muitos a passar no vestibular. Mas só quem queria Respirar isso à vida… Mas se deixarem, nada querem hj… Celular, iPad e vida boa. Penso que os pais têm esse compromisso com os seus… Adolescência é uma fase confusa… Requer amor, mas um amor exigente!!! E a escola tem ser um atrativo. Mas os pais têm de ser a base que a escola complementará.

        Esses dias assisti um filme bem interessante, ‘Maos talentosas – a história de bencarson, que brilhantemente relata esse compromisso dos pais para o filho. Mas eu tenho esperança! A harmonia poderá aparecer! Muitas das coisas a serem consertadas, mas há uma população enorme que pode exercer com vontade tudo isso!

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      • Parabéns pela sua cabeça e pelo zelo que tem com seu lar e as pessoas queridas que à cercam.

        Está na hora do projeto segundo bebê, uma andorinha não faz verão.

        Precisamos de mais crianças com sua forma de ensinar e educar filhos. Que o DNA genético do BEM prevaleça sob todas às criaturas.

        O filho que cresce sem um irmão, nasce órfão desde o berço e não aprende a dividir.

        Crescer com irmãos, muitas vezes é o que falta numa criação completa, por mais próxima da perfeição que ela seja.

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      • Grata pela atenção e torcida Dr. Rodrigo! rs. Programado para daqui 2 anos! Hoje, nem consigo pensar nisso. Estou bastante apreensiva com os novos acontecimentos envolvendo à microcefalia – penso que não é a hora. Embora, duas de minhas tias maternas, já disseram que engravide e vá passar a gestação no frio, junto delas na Suíça, pense?! Dão jeito para tudo quando envolve este meu novo herdeiro da família. Acho que será mimado por demais. Vão estragá-lo, rs. Tudo “doidas”! rs. Mas com toda certeza, farei a minha parte: deixarei um soldado de Deus ao nosso país tão necessitado. E Deus está à frente; tenho total certeza que bem me iluminará quando do momento exato!

        Grata pelo comentário,
        Uma boa semana ao Doutor.

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  2. Parabéns Dr Nalini , adorei vosso comentário !!!!!

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  3. Republicou isso em Espaço de ELISEUe comentado:
    A Liberdade e a privacidade, onde ficam?

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  4. Concordo plenamente com o Dr. Nalini.
    A Liberdade e a Privacidade onde ficam?

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  5. Caro Dr Nalini. Como secretario agora da esducação é possivel visitar as escolas e perceber o esquecimento do verde de entorno aos predios escolares. Pricipalmente os da periferia. Pesquiso as Areas verdes das escolas da capital paulista na Universidade de Brasilia. Carinhosamente…
    Joao Fernando
    Escola Dilson Funaro
    DE
    Norte 2
    Capital

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