Copa do Mundo e eleições vão tomar todo o cenário midiático brasileiro neste ano. País dos feriados, do ufanismo, da propaganda enganosa, os reais problemas serão varridos para baixo do tapete. E haja tapete!
O último balanço da educação mundial, o chamado Pisa, organizado pela OCDE, um organismo internacional que congrega as maiores economias do mundo, reservou para o Brasil o 57º lugar dentre os 65 países avaliados. Embora estejamos no país dos bacharéis, não é difícil verificar que no último ano do bacharelado há alunos que não sabem ler, que não sabem concatenar as ideias, que não têm vocabulário. Entretanto, logo estarão a vencer o exame da OAB e porão o seu talento a serviço dos incautos.
Em lugar da multiplicação das vagas no ensino superior, precisamos investir na educação básica. Ensinar a pensar. Mediante leitura crítica. Investir na capacidade de extrair conclusões e não na memorização. Fazer com que os pais lúcidos participem da gestão da escola pública. Propiciar a todos um uso inteligente da informática, muito além das mensagens e torpedos que até as crianças sabem usar, mas que não tem aberto para elas a porta do futuro.
Não há lugar para comemorar sucesso inexistente. Campinas, que é a cidade mais desenvolvida do Brasil, apurou numa pesquisa da Federação das Entidades Assistenciais que um em cada cinco jovens na faixa dos 18 aos 24 anos já é chefe de família. De todo esse contingente, 60% não estudam. Só metade deles chegou a concluir o ensino médio.
Mais da metade dos campineiros entre 18 e 24 anos vive em famílias com renda per capita inferior a 2 salários mínimos. Muitos desempregados, outros subempregados. Sem chance de resgate da escolaridade formal. Uma situação frustrante. E falamos da cidade mais rica do Brasil. Será que em outros municípios a condição é diferente?
Em vez de Copa e de eleições, reconheçamos a falência da educação brasileira. Uma escola desinteressante, que afasta o alunado. Tanto que em qualquer estabelecimento de ensino, em qualquer horário, há mais jovens fora dele do que dentro das salas de aula. Esse é o “país do futuro” ou o futuro passou longe e estamos colecionando derrotas num acelerado retrocesso?
* JOSÉ RENATO NALINI é presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo para o biênio 2014/2015. E-mail: jrenatonalini@uol.com.br. Visite o blog no endereço https://renatonalini.wordpress.com e dê sua opinião sobre seus artigos.
05/02/2014 às 14:44
Honra-nos, permanecendo nesse “front!, professor. Com insistência, quem sabe, num dia de sol radiante, essa gente bruta e opaca saia da trincheira da insensatez e saia a campo para defender a educação brasileira.
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05/02/2014 às 14:47
Honra-nos, permanecendo nesse “front”, professor. Com insistência, quem sabe, num dia de sol radiante, essa gente bruta e opaca saia da trincheira da insensatez e saia a campo para defender a educação brasileira.
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05/02/2014 às 17:21
Talvez, o governo, no sentido mais amplo da palavra, queira que seja assim mesmo. Um país de analfabetos funcionais. Aqueles que sabem ler e escrever, mas não tem a capacidade de interpretação e senso crítico sobre os assuntos.
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05/02/2014 às 18:53
Excelência, necessitamos urgentemente de cabeças que pensem como a sua. E não apenas disso, necessitamos urgentemente de mudança de mentalidade da nossa área política, do nosso povo tão vilmente ludibriado. Como tão bem retratou, Excelência, ênfase à educação básica, conquistar as crianças e os jovens com uma didática interessante. Precisamos, mais do qiue nunca, formar esses jovens cidadãos para que possamos pensar num Brasil mais justo, mais coeso, mais promissor, onde a sociedade tenha condições de viver democraticamente, em todos os sentidos.
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06/02/2014 às 00:57
Dr. Nalini
Seu texto desnuda o país e seus filhos, nossos irmãos brasileiros.
A educação sempre foi falha, já que em Colégio bom.. tive ótima qualidade de ensino., porém era limitado nosso saber.
Tínhamos literatura o que me fez ler obras de valor aos 12 anos.
Mas. nao tínhamos exemplos negativos como nossos jovens têm. Jogadores de futebol, asem escolaridade e recebendo milhões. …e assim com cantores de funk, sem qualidade vocal alguma.
Ai está o X da apatia.descrenca que acomete nossos jovens.
SOLUÇÃO: espiritualidade, esportes em comunidade para que haja maior irmandade entre nossa abandonada gente.
Abcs
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07/02/2014 às 13:12
Caro blogueiro
V. termina este blog com uma pergunta fácil de se responder, mas eu não vou fazê-lo porque o “não” será uma mentira e o “sim” um triste prognóstico. Quero, como muitos, manter minha esperança viva no bem desta nação e dos brasileiros em geral, e também dar minha contribuição. Mas, com tristeza, encontro muita indiferença pelo nosso futuro. Concordo inteiramente, que a solução ou pelo menos o princípio de alguma mudança está na educação, mas na educação que comece por fortalecer a família, na integridade moral dos pais, na boa formação dos filhos, desde tenra idade e mais, sem dúvida, na reestruturação do processo educacional, desde a boa formação e do estímulo ao professor, como também a disciplina de uma grade curricular que forme o aluno para a vida, não apenas para “prestar um vestibular”. Na verdade, há muito o que se falar sobre esta questão e tenho certeza de que muitos estarão interessados nela. Mas, o que se pode fazer com os que ainda não se deram conta do que poderá estar reservado para nosso, infelizmente muito breve, futuro?
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07/02/2014 às 14:15
E pensar que tudo começa por iniciativa do próprio povo que insiste na eleição de pessoas que não estão compromissadas com o país e com a cidadania. O seu texto ilustre Presidente, é o retrato de uma realidade triste e cruel. Mas ainda vivemos numa democracia, onde o poder emana do povo e em seu nome será exercido. O povo sabe disso, mas não se conscientizou !!! Até quando Senhor ???
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07/02/2014 às 17:31
gênio
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09/02/2014 às 12:39
Palavras de Sartori
Recursos obtidos na Gestão Sartori
Na gestão passada (2012/13), foram obtidos:
a) R$ 600 milhões do Banco do Brasil, mais significativo aumento perene na taxa de permanência dos depósitos judiciais, cerca de R$ 30 milhões mensais a mais (500 milhões vieram, em meados de 2012, como adiantamento e 100 milhões da folha de pagamento, dada renegociação que exigi do banco, para manter o mesmo contrato);
b) o governo repassou ao TJ R$ 205 milhões a mais no primeiro ano e R$ 230 milhões no segundo;
c) a Alesp também nos cedeu R$ 20 milhões de seu orçamento no primeiro ano.
Total a mais só de valor fixo: 1 bilhão e 55 milhões, sem contar todas as outras receitas (inclusive o aumento perene da parcela do BB) e o próprio orçamento.
Daí por que se pode realizar muito
Entregamos o Fundo Especial de Despesa como recebemos, por volta de R$ 1 bilhão, e o orçamento para este ano foi maior do que o do ano passado. Função precípua do Presidente é buscar recursos.
Sr Nalini não entendo como o TJ possa estar sofrendo com rombo orçamentario olhas suas próprias palavras ”
ConJur — Presidente, quais são seus planos e prioridades à frente do Tribunal de Justiça de São Paulo?
José Renato Nalini — ……Mas a gestão terá um estilo diferente da anterior, …., “”é um orçamento insuficiente para a estrutura atual, que foi ampliada, com reposição de milhares de servidores, o que terá impacto agora.”
A reposição de milhares de servidores não trará nenhum impacto ao TJ visto que só há cargo se houver previsão orçamentaria e pelo que vejo no site do TJ http://www.tjsp.jus.br/Download/Transparencia/ResCNJ102/2013/ResCNJ102AnexoIVANovServidores2013.pdf há muitos cargos ainda a serem preenchidos que possuem previsões.além das nomeações já realizadas
Acredito que a reposição de milhares de servidores não será a culpa deste impacto e sim os recursos previsto dos cargos serem utilizados em outros fins o que gera um desvio de finalidade do próprio dinheiro público, o que evidencia que há a possibilidade destes recursos estarem sendo desviados para outros setores sendo que esses gastos deveriam possuir previsões orçamentarias. O Tribunal de Contas de São Paulo deveria fiscalizar pra onde o recursos destes cargos vagos estavam sendo destinados.
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